A paixão é brega, antes de tudo. Faz qualquer pessoa, com 15 ou 50 anos se sentir completamente atordoada. Permite besteiras como ligações insistentes de madrugada ou uma insana espera depois de um torpedo não-respondido. Por paixão a gente desbrava o orkut, a lista telefônica, vai de ônibus à outra cidade sem ter certeza de nada, perde o vôo. Chora porque a voz dele tava diferente ou porque ele não atendeu o telefone ou porque acabou não ligando depois. E chora-se muito: no meio do expediente, no banheiro escondido, no caminho do trabalho para casa, ouvindo aquela música do Wando ou vendo um filme de sessão da tarde estúpido. Sim, paixão faz de qualquer um imbecil. E dói, como dói.
A paixão é inconstante, também. A gente ontem tem certeza de que ele é um babaca insensível e hoje acorda com vontade de comprar um presente legal ou fazer uma surpresinha. A paixão faz de qualquer mulher histérica, mesmo as que não têm lá muita vocação - nem todas têm, acredite. A paixão é surto, é limite o tempo inteiro, é choro e riso na mesa do bar. A paixão deixa de mau humor e faz o olho brilhar, tudo ao mesmo tempo. Sim, paixão deixa qualquer um esquizofrênico - as mulheres ficam ainda mais. E cansa, como cansa.
Mas a paixão é impulso. É força-motriz, em casa, no trabalho, com as amigas. Paixão dá vida a qualquer rotina meio morna. Paixão é inspiradora, na alegria ou na tristeza. E a paixão dá uma saudade enorme, um mês ou um segundo depois que ele se foi. É uma bebedeira que não passa, um riso que não some da cara. Um bem -estar que não se explica. É estar exatamente onde se queria estar. E nada mais ter qualquer importância. Dói sim, cansa que cansa, desanima quando acaba e a gente jura nunca mais se apaixonar. Mas ela move o mundo, como move.
domingo, 19 de julho de 2009
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